Hoje, 21 de Abril, "comemora-se" o dia de Tiradentes, figura controversa e obscura, mas que serviu pelo menos pra nos dar um dia de folga do trabalho (se bem que esse ano nem pra isso serviu!)
Tiradentes nasceu no distrito de Pombal, nos arredores de São João del Rei - MG. À medida em que foi crescendo, Joaquim José da Silva Xavier, foi mostrando quem realmente era (um fracassado) e o que realmente queria (se dar bem e aparecer). Depois de atuar como mascate e minerador, resolveu virar dentista, arrancando dentes com a mesma sutileza com arrancava ouro das rochas. Como não foi bem sucedido em qualquer das empreitadas que havia tentado, Tiradentes foi trabalhar para o governo, alistando-se na tropa da capitania de Minas Gerais. Depois de algum tempo foi nomeado comandante da patrulha do Caminho Novo, rota utilizada para escoar minérios para o porto do Rio de Janeiro, sendo retirado do posto logo em seguida e voltando à condição de alferes, uma patente baixa, que foi o máximo que Tiradentes conseguiu na milícia mineira. Inconformado e com o orgulho ferido, passou a atuar como ativista político, oposicionista do governo imperial mas, mais uma vez, passou completamente despercebido. Foi quando a Coroa resolveu cobrar o Quinto (imposto de 20% sobre o ouro extraído) que a elite agrário-mineradora de Minas não pagava havia cerca de 20 anos, ato que ficou conhecido como A Derrama. Neste contexto Tiradentes, que não tinha onde cair morto, começou a andar com os playboyzinhos, filhos da elite agrária mineira, e fazer parte de seu movimento pró-sonegação. Enquanto os "inconfidentes" atuavam nas sombras, Tiradentes, que adorava aparecer, se expunha divulgando os ideais do movimento. Eis então que alguns playboyzinhos, encabeçados por Joaquim Silvério dos Reis, delataram o movimento em troca do perdão de suas dívidas, em outras palavras, tiraram o deles da reta, ferrando com os demais companheiros. No entanto, apenas Tiradentes, o único pobre e fudido do grupo, foi condenado à pena capital (enforcamento em praça pública), porque foi o único idiota que se expunha enquanto os outros companheiros ficavam na miúda rindo da cara dele. Conclusão: o besta foi enforcado, decapitado, esquartejado mas, acima de tudo, conseguiu o que queria, que sempre foi aparecer. Muitas décadas depois, com o advento da República, e na falta de um autêntico herói nacional, Tiradentes passou a ser considerando um Mártir e teve o dia de sua morte transformado em feriado.
Tiradentes nunca se casou, mas deixou descendentes. Teve um caso e fez um filho em Antônia Maria do Espírito Santo, a quem prometera casamento, sem jamais cumprir tal promessa. Enquanto isso procurava se dar bem, propondo casamento a uma moça de nome Maria, filha de ricos comerciantes portugueses, tendo seu pedido negado pela família dela, que se opunha vorazmente àquela união. Por fim teve mais dois filhos com Eugênia Joaquina, e alguns descendentes desta união recebem até hoje pensões vitalícias do Governo Federal, por serem "descendentes de um Herói Nacional".
Mais um detalhe; antes de ser enforcado, Tiradentes ficou preso por alguns meses e, na prisão naquela época, os presos eram obrigados a raspar os cabelos e a barba por causa da ocorrência de piolhos. Então aquela imagem frequentemente vista nos livros didáticos, de um cara cabeludo e barbudo, "coincidentemente" parecido com Jesus Cristo, foi fabricada, para dar ares de herói e mártir ao inútil do Tiradentes. Foi assim que um completo zero à esquerda, que só queria saber de se dar bem e aparecer, foi transformado em patrono cívico do Brasil, patrono das Polícias Militares estaduais e Herói Nacional.
Rubens Carvalho Júnior