Era uma vez um príncipe encantado que acreditava no amor verdadeiro. Ele procurava uma princesa perfeita, para com ela viver um grande amor. Muitas foram as candidatas a princesa que passaram pela vida do príncipe. Algumas passaram muito perto, outras muito longe, nenhuma delas perfeita.
Algumas foram, por um momento, a princesa encantada, mas todo encanto uma hora acaba. Foi aí que o príncipe, um tanto quanto desencantado, percebeu que não existe uma princesa perfeita, nem tampouco uma que seja para sempre encantada. Ele entendeu que o verdadeiro amor é construído passo-a-passo, na convivência do dia-a-dia, que não existe "o grande amor", nem mágica, e que o encanto, mais conhecido como paixão, acaba cedo ou tarde e o que fica, se de fato restar alguma coisa, são sentimentos como confiança, lealdade, companheirismo, cumplicidade, que juntos serão os pilares fundamentais que sustentarão a relação, e a esse conjunto de sentimentos nós usualmente damos o nome de amor, e esse talvez seja o mais genuíno amor.
Pesquisas científicas indicam que os precursores químicos cerebrais que marcam o surgimento e a manutenção de uma paixão ativa duram, no máximo, 24 meses. Nesse período, esses precursores químicos desativam no cérebro áreas responsáveis pelo raciocínio lógico, esmagando a lógica e a razão. O sujeito passa a agir sem pensar direito, passionalmente motivado, e pensa muito no outro e muito pouco em si próprio. Passada a apaixonite, muitos relacionamentos degringolam, pelo simples motivo de que não havia nada mais do que paixão entre as partes. Todo mundo sabe que ninguém vive só de amor, só de paixão então, muito menos! Apesar de não ser um expert em relacionamentos (e alguém é?), acredito eu que, amar de verdade, é ter objetivos comuns, índoles comuns. Amar alguém de verdade deve ser algo parecido com respeitar as diferenças, aceitar o outro do jeito como ele ou ela é, sem tentar mudar ou moldar suas características. Deve ser olhar nos olhos dela e enxergar os filhos que vocês ainda não tiveram, gostar de conversar com ela, gostar da companhia dela.
Por fim, gostaria de resumir esse meu lapso temporal de relativa racionalidade amorosa em uma frase simples:
Paixão, é quando dois olhares simplesmente se cruzam. Amor, é quando eles apontam para uma mesma direção.
Rubens Carvalho Júnior