Preste atenção, e veja se não parece que os servidores públicos federais estão cantando para o governo federal.
Meu Erro (Herbert Viana)
Eu quis dizer
Você não quis escutar
Agora não peça
Não me faça promessas
Eu não quero te ver
Nem quero acreditar
Que vai ser diferente
Que tudo mudou
[...]
Nem parece que foi escrita há quase 30 anos atrás. Parece que foi escrita ontem mesmo.
Em quase 3 décadas muita coisa mudou.
Hoje, quase todo mundo tem uma linha de telefone fixo, o que há 30 anos era algo raro e caríssimo e, no interior do país, telefone fixo só era encontrado em "casa de gente rica".
Se formos para o campo da telefonia celular, as mudanças são ainda mais drásticas. Naquele tempo isso não existia aqui pelos trópicos. Hoje, depois de passarmos pelos "celulares" que tinham o tamanho de um tijolo, o Brasil apresenta uma média de quase 2 linhas de telefone celular por habitante. E o melhor, os aparelhos cabem no bolso da calça!
A internet, 30 anos atrás, era artefato de uso quase que exclusivo das forças armadas norte-americanas. Internet para uso doméstico civil, era algo que ainda estava sendo ensaiado. Hoje, depois de termos sobrevivido à conexão discada, temos amplo acesso à grande rede por meio de conexões via satélite, muitas vezes públicas.
Por outro lado, em quase 30 anos, certas coisas parecem não ter mudado. Na década de 80, os servidores públicos federais não tinham seu direito à greve regulamentado. Assim, sempre que tentavam se mobilizar por melhorias salariais, melhorias nas condições de trabalho e outras reivindicações, esses trabalhadores eram intimidados com o corte de seu ponto. Hoje, 30 anos depois, em pleno século XXI, em pleno "gozo da democracia", os servidores federais voltam a deparar-se com o fantasma do corte de ponto, uma tática covarde de intimidação, da qual lançam mão vários gestores do poder público. Outra coisa que não muda é o desinteresse das pessoas em geral por seus direitos, seja por preguiça ou comodismo, e isto, aliado ao desinteresse da classe política por seu povo (outra coisa que nunca muda), cria um terreno fértil para práticas arbitrárias de gestores retrógrados. Explico melhor: o direito à greve dos servidores públicos está previsto na constituição federal, mas carece de regulamentação, e esta vem sendo protelada por nossos dedicados parlamentares há 24 anos. No entanto, a jurisprudência, para compensar esta falta de regulamentação, tem julgado o direito à greve dos trabalhadores do setor público, com base na regulamentação do direito de greve dos trabalhadores do setor privado. Desta forma, o direito de greve dos servidores públicos é garantido na marra. Alguns gestores, no entanto, se utilizam da falta de regulamentação para intimidar os servidores públicos, e boa parte dos servidores não tem idéia de que seu direito é assegurado pela jurisprudência, porque não procuram se informar, e acabam deixando por isso mesmo e, assim, com gestores feudais, servidores subservientes, e políticos pouquíssimo interessados em qualquer coisa além deles mesmos, alguns orgãos públicos são transformados em verdadeiros currais, com gado capado de coragem e adestrado para servir sem contestar.
É, em 30 anos muita coisa mudou, mas muita coisa continua exatamente do jeito como sempre foi, para a felicidade geral de uns poucos, "responsáveis" pelo bem de muitos e pelos rumos da nação.
Rubens Carvalho Júnior
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